Cookies de Chocolate e Nozes
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Os cookies de chocolate e nozes mais incríveis do mundo, na receita
perfeita da Chef Carolina Garofani da Caramelodrama Confeitaria.
Mais do que crise ou recessão, as palavras do momento por aqui são "Resgate Económico".
Rapidamente: o sistema bancário espanhol foi resgatado pelo Eurogrupo, com um financiamento em forma de empréstimo de €100 bilhões. A partir de agora, a Espanha está baixo supervisão, não só da Comunidade Européia, mas também do FMI. Deixamos de ser um país soberano, pelo menos economicamente e teremos que prestar contas periódicas à Comunidade Européia (recomendo o Blog da Karla Mendes, no Estadão).
Tudo isso aconteceu neste final de semana: o rumor apareceu na sexta-feira, apenas uma semana depois do presidente Mariano Rajoy garantir a todos os espanhóis, pela televisão, que a Espanha não seria resgatada. No sábado de manhã o Ministro da Economia deu uma coletiva de imprensa confirmando que tínhamos aceitado a "ajuda econômica oferecida pela Comunidade Européia". Luis de Guindos não utilizou a palavra "resgate" e insistiu - em outra palavras - que a Espanha tinha tido "muita sorte", já que a Comunidade Européia fez uma oferta irrecusável para apoiar a nossa economia. De Guindos também disse que Rajoy não falaria com a imprensa, pois o presidente estava viajando à Polônia para ver a estreia da Espanha na Eurocopa. Em plana crise. No meio do que muitos jornalistas chamaram de pior momento económico do país desde a Transição pós-Franco.
Claro que isso gerou histeria coletiva e o presidente teve que voltar láááááá da Polônia SÓ pra dar uma entrevista e uma explicação aos espanhóis. Depois, Rajoy voltou à Polônia para, como a maioria dos espanhóis, ver a Seleção Espanhola empatar com a Itália.
A teoria da conspiração diz que tudo já estava planejado. Eles já tinham calculado tudo minuciosamente e o anuncio foi feito, de propósito, um dia antes do começo da Eurocopa. Com isso, eles abafariam o caso e desviariam a atenção da população.
No sábado, muitas pessoas ficaram horrorizadas com a palavra "resgate".
No domingo tinha fila pra comprar jornais na banca. Lá pelas 16hs desse
mesmo domingo, pouco tempo depois da declaração do Rajoy, a maioria das
pessoas esqueceu toda a história que eu contei e foram para os bares e
praças, vestidos de vermelho, com a cara pintada e a bandeira em mãos,
no auge do seu patriotismo, para gritar: "Yo soy
español, español, español" - algo como "eu sou brasileiro, com muito
orgulho..."
Lembrei do Brasil. Vi todo aquele espetáculo com tristeza. Me uni à teoria da conspiração. Lembrei do Julian Irusta. Pensei nas grandes manifestações populares que vivi na Espanha e me perguntei se todos aqueles ativistas também tinham se esquecido do restate económico e da política. Torci pela Espanha e pensei que não podemos estar condicionados pelos governantes, que o povo é soberano e merece seu divertimento. Entendi que esta é a desculpa que usamos para nós mesmos.... E que tem coisas que não mudam entre um país e outro.
Fonte: Pinterest do Julian |
Esta semana vi no Facebook de algum amigo a imagem que publico no final deste post - e dei "like". Vi a publicidade da Coca-Cola na TV e me pareceu de péssimo gosto. Fiquei indignada, fiz um discurso demagógico na mesa do almoço, perdi o apetite e dei piti - apenas poucos minutos antes de começar os Simpsons e da gente tomar nossa anestesia diária de risada. E logo pensei: merecemos.
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