Em alguns países da Europa o acesso à Internet é considerado um "direito fundamental", acredita?
É sério. Por isso, todos os temas relacionados às Leis SOPA, PIPA e agora ACTA são importantes e tratadas diariamente pelos meios de comunicação. Logicamente eu acompanho com curiosidade, atenção e cuidado todas as notícias e com surpresa a pouca repercussão que elas têm no Brasil.
A votação da Lei Sopa foi notícia nas terras tupiniquins apenas uma ou duas semanas antes do blackout promovido pela Wikipedia e adotado por mais de 7 mil sites ao redor do mundo.
Da mesma maneira, o fechamento do site de hospedagem Megaupload foi uma notícia super relevante aqui no velho mundo. E continua sendo. Faz um mês que o site foi fechado (nesse momento eu faço o meu jabá) e um portal de informação financeira e econômica aqui em Madrid, me pediu para escrever um artigo sobre o quê aconteceu, o quê está acontecendo e o quê vai acontecer no mercado de conteúdo audiovisual e cultural pela Internet. Se você se interessa pelo tema, o link está aqui: Un mes sin Megaupload.
Se você ficou se perguntando: "Como assim, Internet direito fundamental"?
Pois olha:
Na França isso aconteceu em 2009, quando o Conselho Constitucional da França decidiu que o acesso à internet era um direito humano fundamental. Segundo o Conselho, a publicação de opiniões na internet representa uma forma de liberdade de expressão.
Em junho de 2011 a ONU entendeu a mesma coisa. Mas o quê isso significa exatamente? Segundo o texto da ONU "os governos devem se esforçar para que a Internet seja amplamente disponível, acessível e "pagável" por todos. O acesso universal à Internet deve ser uma prioridade para os estados".
Os países mais desenvolvidos vão ainda mais longe: em 2009 a Finlândia decidiu que o acesso à internet banda larga (!) era um direito fundamental para os seus cidadãos.
Aqui em Madrid por exemplo, a maioria das praças públicas têm wi-fi grátis. Praticamente todos os restaurantes, cafeterias, bares e centros comerciais também. E no ano passado os ônibus públicos começaram a oferecer conexão gratuita pra todo mundo.
Duvida?
Então olha:
Falar sobre a programação da tv de um país, é falar sobre um povo... da sua educação, do seu nível intelectual, cultural, social e também do seu grau de exigência para esses valores.
Eu escrevi no Tãmbler que a tv na Espanha é muito, mas muito ruim. Os telejornais são uma porcaria, parciais, superficiais, comprometidos com seus próprios interesses. As séries espanholas são feias, má produzidas, os roteiros são penosos. Só existe uma exceção: a televisão pública. Os demais programas de entretenimento têm um ar entre Silvio Santos, Gugu Liberato e Passa ou Repassa. Tudo é meio show de calouros, meio reallity, meio exagerado e fake. Os programas repetem formatos, enjoam e deixam claro que falta dinheiro. É a crise. Mas a culpa não é só dela... antes também era assim. Menos monótono, quem sabe. Mas era.
Para os interessados, meus amigos que trabalham no setor dizem que os programas aqui se dividem em 3 categorias: "amarillo", "rosa" e "blanco". Os amarelos são os sensacionalistas, os rosas, também conhecidos como "de corazón", são os de fofoca e os brancos são mais objetivos e procuram aportar conteúdo de qualidade.
Entre os amarelos e rosas se destacam (como não?) os reallitys e sobretudo o BBB, que esse ano estreiou sua 13ª edição (!!), com récode de audiência. Ultimamente o "ibope" do programa tem caído, o quê não é necessariamente uma boa notícia, pois os produtores amarelo-rosas da indústria televisiva espanhola não desistem. Os espectadores estão emocionados com o último lançamento:
Sim. Dizer: "a tomar por culo" na televisão espanhola, é normal. Mas tem coisa pior! Nesse tal de programa tem uma possível sogra que vetou o namoro do filho com uma candidata porque ela era negra. Sim, porque era negra. A coisa vai por esse nível.
Conto tudo isso porque reclamamos da tv brasileira. O quê quero dizer é que a televisão comercial e aberta é assim. E já disse que aqui existe uma única excessão; a tv pública. Você acharia normal ligar a TV Cultura e ver A Vida de Brian do Monty Python numa quarta feira qualquer? Deveria ser, né?
Aqui é. Ver a 1 ou a 2 normalmente é encontrar um copo d´agua no deserto. Um deserto quente, infinito e internacional.
Muita gente sabe como eu vim parar aqui, mas pouca gente sabe por que eu fiquei. Às vezes inclusive eu tenho essa dúvida. Graças a ela e à ansiedade que é parte de mim, esse ano comecei a fazer terapia.
Eu ia na psicóloga durante minha adolescência e lembro disso como uma das coisas mais legais que já fiz, mas relutava em fazer terapia com uma espanhola porque achava que ela não entenderia uma brasileira. Pensando um pouco, entendi que se a psicologia tivesse essas barreiras, as teorias de Freud ou Jung só funcionariam nos países deles, né?
Então, eu comecei. Entre outras coisas, minha psicóloga e eu temos falado sobre as diferenças entre a minha cultura e a cultura que eu encontrei aqui.
Voltando ao princípio, eu fiquei na Espanha por causa de um espanhol. Aquela coisa de conhecer uma pessoa e acreditar que é o amor da sua vida e, como não existe força mais poderosa do que essa, minha vida agora está em Madri.
Acontece que viver com uma pessoa de um país diferente pode ser complexo. Quem é casado sabe que compartilhar a vida, a casa e a rotina com outra pessoa, tem momentos de altos e baixos. Cada um veio de uma família, teve uma formação e uma história... Imagine se essa pessoa nasceu em outro continente!
Então quando converso com a Mila (minha psaicow), volta e meia chegamos ao: eu acho isso e o Alberto acha assado.
O quê a Mila tá me explicando é que achamos o quê achamos, porque fomos "programados" para isso. Talvez nossos pais, tão liberais e modernos que são, não tenham nos ensinado as coisas tão daquele jeito... mas nos deram exemplos e nós vimos todo o nosso entorno atuando daquele jeito também. Então o daquele jeito, mesmo rejeitado por nós, estará conosco.
Quando vivemos em outro país, temos que ter esses "jeitos" muito bem identificados, para não corrermos o risco de não nos adaptar, de criar preconceitos, ou de não sermos felizes.
Porque esse processo está servindo para entender melhor a mentalidade do brasileiro, de onde eu vim e a maneira como pensamos.
Por isso publiquei essa imagem definindo o tal Brazilianism, ou Brasilianismo. A Lua, que é curitibana e está há 5 anos na Austrália, compartilhou no Facebook e eu achei uma maneira muito bonita de entender e valorizar a maneira de ser e de viver do brasileiro. Nem melhor, nem pior. Apenas diferente.

Os nerds eram mal vistos nos anos 1990. Nos anos 2000 surgiram os
Geeks, que nos anos 2010 se tornaram os donos do mundo.
É verdade que muitos deles não estudaram. Zuckenberg, por exemplo, abandonou a faculdade antes de se formar. O
Todos tiveram uma vida social difícil durante sua juventude.
Eu não estudei - e incluo isso na minha pequena lista de arrependimentos. Porém, acho que ainda posso recuperar o tempo perdido, e por isso tento reverter minha frouxa formação intelectual com muita leitura, cursos, palestras e, principalmente, me rodeando de gente que sim estudou e que por isso é mais inteligente que eu (obrigada Raul, Alberto, Claudinha, Ernesto, Sérgio, Adriane, Alex....)E concordo com o que a foto diz: a maioria das pessoas não estuda no Brasil. As pessoas decoram para as provas, passam de ano, colam, fazem vestibular, pegam um diploma e vão trabalhar.
Logo, não inovam, não mudam, não transformam. Uma das coisas que aprendi por aqui é que todos esses processos estão relacionados ao estudo.
Seja ele formal, em uma escola ou universidade, ou informal, na sua casa, na mesa do bar, na leitura de um livro que te apaixone. Eu, informal que sou, optei pelo segundo caminho... essem dos incompreendidos, que lêem só o quê gostam, tomam vinho enquanto tentam escrever um livro, riem com amigos enquanto têm idéias para salvar o mundo ou que navegam por blogs para aprender novos pontos de vista.
E também discordo da foto quando trata o tema de maneira tão genérica. No Brasil tenho visto gente fantástica fazendo trabalhos incríveis, desenvolvidos com boas idéias, muito suor e uma base de estudos estruturada, seja ele do tipo que for.
Foto: reprodução do Tãmbler
Não era a primeira vez que eu ia a um estádio de futebol. Muito pelo contrário, eu cresci indo aos jogos do meu time junto com o meu pai. Sei como nos sentimos no campo... a emoção de gritar Gol, a raiva do juiz, a cumplicidade com o torcedor ao lado.
Mas vamos ao que interessa: o futebol
O futebol europeu não se resume a "ópio do povo". O futebol aqui é negócio – maduro e rentável
Fora de campo, com algumas exceções, vemos uma sociedade civilizadaNão existe fosso em volta do gramado, algo que o Grêmio já está implantando em sua nova arena, e não vi polícia federal, apenas seguranças privados. É claro que a torcida é exigente, mas ninguém joga pilha e nem copo na cabeça dos outros. Aliás, duas filas atrás da minha, estava um casal com a camisa do Barcelona. Nos estádios europeus, apesar de existirem pequenas áreas reservadas para os visitantes, muitos deles se misturam com torcedores da outra equipe.
Dentro de campo, um jogo muito agressivo, de corpo a corpo direto, velocidade e passes objetivosCada toque é como um corte preciso de um cirurgião profissional. Por exemplo, só vi o Cristiano Ronaldo errar um único passe durante todo o jogo.
“Que levem Mourinho e nos tragam Deus! Isso é um banho, como Deus manda!” foi o que eu ouvi na arquibancada. É o que os torcedores do Real estão falando do cara que era considerado o melhor treinador do mundo, até conhecer o Barcelona.